sábado, 10 de julho de 2010

Os dias ladram

Depois da tormenta, na calma da noite, protegidos pela morna luz do quarto e as palavras pacientes dum livro de contos.
-Tiveste medo pelos raios, Nicolás?
-Nao, mamai, é que às vezes os dias ladram...
-Ladram?
-Si, os dias ladram.
Fico um bocado parada tentando compreender a sua capacidade inata para a metáfora. Mesmo invejando a frase.
-Mas Nicolás, quem disse isso? como é que os dias ladram?
Entao sorri e abre simplesmente os braços, palmas com a verdade exposta:
-Disse-mo Deus, claro! Ele sabe tudo.

Silêncio. Ele ainda nao sabe que eu nao acredito em Deus.

-Nico, sabes? Isso que fizeste chama-se poesia.
-Poesia?
-Poesia.
-Nao sabia
E continua a procurar no livro de contos o que leremos esta noite.

6 comentários:

  1. Essa metáfora chora por um poema inteiro.

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  2. Pois teremos que esperar, porque o Nicolás tem apenas cinco anos... esperar, ou pedir emprestada a metáfora até que ele saiba o que fazer com ela, claro está. Que certamente, acabará por saber o que fazer.

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  3. Cualquier día te sorprende, que este es un conquistador :)
    No me saco las frases de Gioconda Belli que has puesto en el post...a veces uno se chupa los dedos y otras parace que nada vaya a llenarle...cómo se puede una identificar con eso....
    Bjs

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  4. Es fantástica, Amalia. Si no la has leído, tienes que hacerlo. Déjame regalártela... bjs.

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  5. Te dejo! Claro! Yo hago un postre de chocolate, tú traes el libro...

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  6. No deja de sorprenderme Nico y tampoco deja de hacerlo tu forma poética de contar.

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