E então...

Já à noitinha, brinca de costas a mim que aguardo deitada na cama a que termine. Vamos ler o conto de cada dia e ele adia o momento de adormecer. Atravessa um oceano com uma frota de barcos na procura de baleias. Eu observo e penso: a sua cabezinha quase bem proporcionada com os ombros, as suas pernas fortes... Falo em alta voz:

-Olha Nicolás... estás a fazer-te maior.. e.. não estou muito certa de gostar...

Volta-se deixando o mar. Achega-se devagarinho e mergulha-se no meu abraço.

-Já o sei, mamai, eu também não gosto...

- Não te preocupes, Nicolás, ainda colhes enteiro nos meus braços. E sabes?-digo- quando passem uns anos serás maior de verdade e então serei eu a que caiba nos teus bracinhos de homem grande... e ...

-...e então mamai- ele interrompe- então, mamai, eu morro.

Não posso dizer nada porque há segredos calados na sua certeza. Segredos que prefiro sem palavras.